Tá Perdido? Pergunta, sô.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Solidão é Lava


A evolução nos manda viver em matilhas.

As matilhas são unidades coletivas que definem cargos e funções e determinam a sobrevivência ou não de um grupo alocado de seres vivos. A gente não somos dog não, mas vivemos de acordo.

Pense no seu seleto e formidável grupo de "pessoas ao meu redor". Verifique sistematicamente se não é possível determinar quem é o líder da matilha, quem é o caçador, quem é o aventureiro, quem é o reprodutor, e quem é a raposa. A vida é tão simples que dá até raiva. Vivemos coletivamente, andamos acompanhados, casamos, reunimos a família nos domingos, nos sentamos para almoçar. Somos uma bela matilha!

Contudo, algumas pessoas teimam em renegar as artemanhas darwinistas a despeito das recompensas skinerianas embutidas nos relacionamentos. Me deixa em paz! Hoje eu quero ficar sozinho. Eu sempre quero ficar sozinho. Mas, a solidão é lava. Destrói você antes de você notar. Põe fogo nos seus pés enquanto você dorme, desmaiado pelas toxinas liberadas direto do centro da terra, especialmente para você! É lava que cobre tudo.

A parte instigante do "me-deixe-só!" é que as pessoas que geralmente querem ficar sozinhos, expressam esse sentimento a torto e a direita. O que, para você caro leitor Holmes, é claramente uma prosopopéia (sei que é qualquer outra coisa que não isso, but I own the text!!!). Se o amante solitário quer tanto ficar só, mas expressa isso a todos os ventos, quer dizer que ele está sempre acompanhado, clamando pela solidão salvadora.

A gente não gosta de ficar sozinho. A gente se ocupa com quatrocentos quilos de parafernálias eletro-eletrônicas para não ter que pensar que a solidão é causa, e não consequência de desilusões inconstantes. A não-interação social é o coma. (anotem isso para frases do dia!). Você não recebe nenhuma recompensa, quer positiva ou negativa por ato nenhum. Convenhamos, o playstation não te dá uma bronca de quebrar os dentes.

Mas o problema é, novamente, semântico. A diferença entre ser sozinho, e estar sozinho. Merda acontece. Quando merda acontence, há quem prefira o psicanalista, há quem procure um quarto trancafiado. Um momento. Coisas boas acontecem! E pessoas costumam compartilhar mais alegrias do que as merdas (a vida poderia ser muito, muito mais fedida). E você, brilhante leitor, já deduziu, que para pessoas sozinhas, aparentemente, não há alegrias a compartilhar. Por isso a solidão é A coisa!!! Mas não vamos querer entrar (olha que coisa feia.. 3 verbos em seguida... :( ) nessas questões de ovo-galinha.

A matilha nos consome e nos salva. A solidão não consome e não mata, mas a vida na selva não tem sentido, se for apenas uma vida na selva. Qual o sentido da selva, então? *
* Estamos todos fartos de perguntar o sentido da vida, não estamos? ;)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Pequenas Nuanças Lastimáveis


O Oxigênio corrói. O que nos permite a vida agora, nos obriga à morte com o passar dos anos.

Ouvi em algum momento que curta é a vida. Curta a vida. Não gosto do melodramático mexicano, mas as aparências que enganam sempre trazem informações relevantes ao bravo mundo novo.

Assim, longa é a jornada, curta a vida. Longos são os momentos que dividem os curtos períodos de acontecimentos indescritíveis. Curto é o flerte descompromissado, longa é a dor do coração partido (um do lado, outro do outro). Longa é a maratona, curto é o tempo de curtir os louros da vitória. Curto é o orgasmo, longa é a gestação. Longo é o trajeto até o quase fim, mas curto são os momentos finais que decidem. Longa é a vida. Longa vida?

Fácil é perder-se nas metrópolis, difícil é não perder-se no seu olhar. Fácil é lembrar daquele momento com um sorriso, difícil é explicar porque ele não se repete nunca. Fácil é embrulhar o presente, difícil é aceitar o futuro. Difícil é também permitir a partida, mas fácil é sentir a dor eterna intermitente. Fácil é determinar o fim daquilo, mas difícil é esquecer o começo. Fácil é amar, difícil é o amor. Fácil é acreditar no que se vê, difícil, é acreditar no que se vê (eventualmente). Fácil é passar despercebido na multidão, difícil é aceitar passar despercebido na multidão.

Grandes são os homens que são lembrados por seus atos, mas pequenos são os atos. Grande é o alvo do egocentrismo exacerbado, mas pequena é a percepção do si. Grande é o pé, pequena é a possibilidade. Pequeno é o marcador físico, mas grandes são as consequências. Grande é o universo, pequeno é o meu mundo. Grande é o intuito, pequeno é o Zé (Porra!).

Somos inquilinos da dor, do sofrimento, do tempo, da burocracia, da ordem e do progresso, das grandes realizações, das grandes navegações. Não aprendemos com a história porque não aprendemos a história. Não aprendemos nada. Nada! E ainda, sabemos de tudo. Mas tudo não é o suficiente. Há muito o que demarcar, há o território, o humano, o divino, o temporal, o atemporal, o político, o catéter.

Ainda ignoramos o abraço, o beijo, o suor, o alimento, o aquecimento, mas enaltecemos as coisas. Coisas com seus nomes em detrimento a coisas e seus significados. Quantas vezes tenho que repetir que uma rosa não teria outro perfume se a chamassem de quenga? Não é hora de rever os conceitos, é hora de deglutí-los e defecá-los. É hora de repassar as prioridades.

Muitos são os caminhos que nos levam ali. Poucos são aqueles que sabem onde ali é. E menos ainda aqueles que acreditam que chegar ali é possível ou necessário. Ali é um lugar intocado, inalcançado, invadido. Invadido pela sobriedade das nações. Ignorado pela sua importância, utópico porque navegar é preciso. E cavalgar rumo ao impossível também. Curta é a vida. Respire.

Tempo Contrário

cu

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Efeito Borboleta Vista Premium


O conceito de fé houve terminado.

Ninguém mais acredita em coisa nenhuma, para manter sua mente sã e suas crenças intocadas. A cada segundo informações são passadas, que desmentem aquelas passadas no minuto anterior (ad infinitum), e por isso nada mais é confiável. Ao invés disso, a descrença total em todos os níveis gera níveis de incerteza imaculados pela mídia. Não acredita, não é? (Pego? Pego?) Pois bem, vamos a alguns exemplos práticos.

A Copa do Mundo

Vamos voltar a 1998. Copa da França, final. Ronaldo teve um ataque epilético? Edmundo sabe de coisas que vão derrubar o mundo? O Zagallo é burro (13 letras!) ? E logo na copa seguinte o Brasil é campeão? E a Coréia do Sul (anfitriã) elimina a Espanha e a Itália? E (até o) Rivaldo joga bola?

Diga-me, você achou tudo isso muito estranho, não é? Você fez ligações e desenhou a conspiração inteira: está lá, claro como o Rio Tietê em 1913.

Reserve.

Fórmula 1

Recém presenciamos um dos campeonatos de F1 mais emocionantes dos últimos 15 anos. Talvez seja a ausência de Schumacher, ou então a presença de bons e jovens intrépidos pilotos. Vai saber, não é mesmo? Bom, mas vamos aos fatos marcantes da última corrida. Interlagos. Ontem. Espera. Vamos às 3 últimas voltas da corrida. Massa em primeiro. Hemilton em quinto. De repente, Hemilton em sexto. Perdendo o campeonato. Massa termina sua prova como campeão. Duas curvas antes de cruzar a linha, Glokk, que quis dar uma de malandro e não trocar os pneus, perde o traçado completamente. Perde logo em seguida a quarta e a quinta posição. Hemilton cruza a linha de chegada em quinto. E é campeão mundial. Veja, se fosse um filme com Stallone você acharia muito forçado, não é? Eu também. Só sei que foi assim.

Deixe esfriar.

Eleições

Urna eletrônica, não é? Hum... então quer dizer que eu vou lá, aperto uns botões, ouço um barulhinho e pronto, votei? E 3 horas após as eleições o resultado já sai? E nos EUA demoram semanas? E aqui funciona melhor, mais eficiente e seguro? NO WAY!!!! O resultado já estava programado, por isso é tão fácil de divulgá-lo em tão pouco tempo. Não acha? Hein? Quem eu? Eu não acho nada.

Despreza.

Sabe o que eu acho? Acho uma tremenda perda de tempo essa discussão extensiva sobre fatos, fatores, elementos e qualquer outra bobagem cósmica que remonte cenários de coinscidências incríveis, jogos de interesse, conspiração, conspiração, conspiração... Será que é tão difícil aceitar que as coisas acontecem e pronto? Porque, acreditar em conspirações de tudo, deixa a vida cada vez mais sem graça. A Nigéria vai ganhar a próxima copa e todos dirão: "Há! Conspiração comprovada! Nada mais me surprende!!!". Bem, eu ficaria surpreso. Mas não muito. Já foram campeões olímpicos, né? E toda a seleção joga na Europa. Se o Massa ganhar o campeonato do ano que vem? "Ha, não falei? Tudo combinado. Um ano de cada um, pra não criar desavenças políticas".

Quer uma dica (é de graça, bobinho! Aproveita e pega logo duas! ;) ) ? Viva uma vida simples. Acredite em tudo. Se desmentirem tudo o que você acredita, acredite nisso ao invés. Não perca tempo subvertendo todos os acontecimentos mundiais e ao seu redor. Evite a fadiga, e vá consertar o mundo. Ainda dá tempo! :)