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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Pequenas Nuanças Lastimáveis


O Oxigênio corrói. O que nos permite a vida agora, nos obriga à morte com o passar dos anos.

Ouvi em algum momento que curta é a vida. Curta a vida. Não gosto do melodramático mexicano, mas as aparências que enganam sempre trazem informações relevantes ao bravo mundo novo.

Assim, longa é a jornada, curta a vida. Longos são os momentos que dividem os curtos períodos de acontecimentos indescritíveis. Curto é o flerte descompromissado, longa é a dor do coração partido (um do lado, outro do outro). Longa é a maratona, curto é o tempo de curtir os louros da vitória. Curto é o orgasmo, longa é a gestação. Longo é o trajeto até o quase fim, mas curto são os momentos finais que decidem. Longa é a vida. Longa vida?

Fácil é perder-se nas metrópolis, difícil é não perder-se no seu olhar. Fácil é lembrar daquele momento com um sorriso, difícil é explicar porque ele não se repete nunca. Fácil é embrulhar o presente, difícil é aceitar o futuro. Difícil é também permitir a partida, mas fácil é sentir a dor eterna intermitente. Fácil é determinar o fim daquilo, mas difícil é esquecer o começo. Fácil é amar, difícil é o amor. Fácil é acreditar no que se vê, difícil, é acreditar no que se vê (eventualmente). Fácil é passar despercebido na multidão, difícil é aceitar passar despercebido na multidão.

Grandes são os homens que são lembrados por seus atos, mas pequenos são os atos. Grande é o alvo do egocentrismo exacerbado, mas pequena é a percepção do si. Grande é o pé, pequena é a possibilidade. Pequeno é o marcador físico, mas grandes são as consequências. Grande é o universo, pequeno é o meu mundo. Grande é o intuito, pequeno é o Zé (Porra!).

Somos inquilinos da dor, do sofrimento, do tempo, da burocracia, da ordem e do progresso, das grandes realizações, das grandes navegações. Não aprendemos com a história porque não aprendemos a história. Não aprendemos nada. Nada! E ainda, sabemos de tudo. Mas tudo não é o suficiente. Há muito o que demarcar, há o território, o humano, o divino, o temporal, o atemporal, o político, o catéter.

Ainda ignoramos o abraço, o beijo, o suor, o alimento, o aquecimento, mas enaltecemos as coisas. Coisas com seus nomes em detrimento a coisas e seus significados. Quantas vezes tenho que repetir que uma rosa não teria outro perfume se a chamassem de quenga? Não é hora de rever os conceitos, é hora de deglutí-los e defecá-los. É hora de repassar as prioridades.

Muitos são os caminhos que nos levam ali. Poucos são aqueles que sabem onde ali é. E menos ainda aqueles que acreditam que chegar ali é possível ou necessário. Ali é um lugar intocado, inalcançado, invadido. Invadido pela sobriedade das nações. Ignorado pela sua importância, utópico porque navegar é preciso. E cavalgar rumo ao impossível também. Curta é a vida. Respire.

2 comentários:

Morris disse...

Dura é a vida que dura
Leve é a vida com sorte
Morre quem dura na vida
Vive quem dura na morte

Maia disse...

Após o Cu debaixo, este texto é um colírio aos olhos e um alento a uma mente, ultimamente, deveras perturbada.......
Curta é a vida......
Curta a vida!!!!!