Tá Perdido? Pergunta, sô.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Um Dia Triste


Ontem eu tive um dia triste como há tempos eu não tinha.

Obviamente, irão me taxar de uma série de coisas, mas quem me conhece (com o dedo indicador sobre o bigode - só pra quem entende) sabe que eu sou torcedor fervoroso do Manchester United há um bom tempo. Experiências internacionais, sabe? Não mostram o Campeonato Brasileiro no Oriente Médio (acredita? Pois é.).

Então você, esportivo leitor, já sacou que a tristeza adveio da derrota merecida para o Barcelona na final da Liga dos Campeões da Europa de ontem. Uma tristeza. Eu me reservo o direito de ficar triste com futebol porque não o faço com novelas. Cada um com suas manias estranhas. E se o Corinthians me dá alegrias, eventualmente pode me fazer triste.

Então foi isso. Fiquei o maior tristão. Para completar a cinzura do dia, tive certeza de que choveria. Mas não choveu. De qualquer modo, eu não ando de moto na chuva, por isso havia vindo de ônibus. E de ônibus eu deveria voltar. Acreditando que o caro leitor tenha lido o livro abaixo, e sabedor de que o meu percurso e do senhor Unoversi é bem parecido, não preciso explicar o caos da hora do Rush da Rebouças em São Paulo. Pelo menos o Squiggy não estava comigo.

Eu expliquei há alguns meses que caminhar é preciso, não foi? E cada vez mais eu me convenço a me ouvir mais. Caminhar não é somente preciso: é IRADO!!! É claro que o ponto estava cheio, os ônibus estavam cheios, meu saco estava cheio, tudo cheio. Meu MP3 no ouvido, e uma forte decisão. Vou pela Teodoro. Caminhei precisamente até a outra alternativa. Mas a outra alternativa não se mostrou suficientemente convincente. Suspirei. Olhei para baixo e vi caos na rua. Montanha acima, vi uma solução. Pus a blusa na mochila, cigarro para dentro e pé na estrada.

Como sempre, quando caminho sem pressa, estipulo limiares. "Vou até o metrô." Não deu vontade de parar. "Vou até sei-lá-onde e pego o buzão por lá." Páro no caminho, tomo um suco revigorante e continuo com minha cara de retardado cantando as músicas que eu mesmo seleciono, enquanto penso "caralho, quem fez essa seleção entende mesmo de música! Puxa, não erra nenhuma!".

Enquanto caminho, deixo para trás as preocupações e lamúrias. Nada mais importa, apenas os passos cada vez mais firmes, o pé cada vez mais dolorido por calçar um sapato que não foi feito para caminhar. Um vento reconfortante, passos lerdos, tempo gasto e minha casa se aproximando. Um encontro casual com uma simpática vizinha, que me alerta que "tem que estudar, menino!". "Não tenho!".

Chego em casa, os pés doendo. A camisa suada, mamãe inconformada, a comida na mesa. Tomo um banho demorado, como qualquer coisa. E deito no sofá com o melhor dos cansaços. Manchester who? Ficou no caminho. E o Corinthians só me dá alegria.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Meu dia com Squiggy

Moro e vivo em São Paulo. E, sim, envelheço na cidade. Não que eu não fosse envelhecer em qualquer outro lugar - por mais que alguns seriados de TV insistam em dizer "não envelheceria!" - mas é que em São Paulo é diferente. Aqui envelhecemos mais depressa. E antes que bata aquela vontade de dizer que voce esqueceu aquele velho frango no forno, caro leitor, permita-me explicar.


Por algum retardo no meu processo mental normal, provavelmente causado pelo rotavírus que alegremente resolvi incubar desde o último sábado, e o qual, em homenagem a um dos mais promissores candidatos a vencer o concurso de Cão Mais Feio do Mundo 2009, apelidei de Squiggy, hoje eu vi. Não só vi, como enxerguei, observei, absorvi, analisei e, finalmente, sintetizei e escrevi. Caso voces não tenham notado antes, em meu estado natural sou preguiçoso demais pra executar esses dois últimos itens.

Esse meu dia singular começou com uma tentativa frustrada e rotineira do meu rádio relógio se desesperando pra me ver acordado, pois havia muito trabalho sujo a fazer e alguém que tinha dormido às 3:30h da manhã é que tinha que fazê-lo. Nem vale contar isso como começo de um dia especial, mas seria injusto não citar o cara que mais trabalha nessa cidade, o radio relógio. Claro que mandei ele dormir até o dia seguinte, como eu gostaria que alguém fizesse comigo naquela hora. Volto a cama. Pouco mais de meia hora depois, sou açoitado por um dedo descuidado pressionando o botão do meu interfone de casa. Esse não é um botão pra se apertar às 8h da manhã. Ele fica preso. E tocando pra sempre. Tem que ter o cacoete pra despressionar. Olho na janela e tem um moleque de boné no portão. Ele provavelmente sabia que estava incomodando alguém e parecia fazer isso com muito prazer então atendi logo e perguntei QUEM É?, pergunta que ele sabia a resposta de cor e lançou que era do Wal-Mart, com uma entrega pra mim, de um pedido que eu tinha feita menos de 12 horas antes pela internet. Pasmei. Ele não podia subir então avisei que ia descer e desliguei. Sabia que ia ter que descer de qualquer jeito pra desgrudar a porra do botão. Pasmei de novo. Ele tinha o tal cacoete. Resolvida a questão, a Ju já estava acordada também, o dia tinha começado.

Não lembro porque diabos a Ju cantarola o refrão de A Cidade, do Chico Science. Meu vídeo a respeito.

Vamos ao trabalho. Peguei o caminho das Avenidas Pacaembú e Sumaré, que ultimamente têm se mostrado muito competentes na arte de se desviar do trânsito pouco fluído de São Paulo. Parado na Sumaré, mas bem próximo de seu fim, dou uma olhadinha sacana no retrovisor pra ver se meu coleguinha de trabalho, Sr. Daniel, passaria de moto na pista exclusiva - não sei o que eu faria se o visse, mas provavelmente ele iria se esborrachar inteiro - mas no lugar dele, como um flash de uma fotografia imperdível, vejo um motoqueiro a uns 50km/h desviar, com uma habilidade técnica que só os mais antigos samurais poderiam ter ensinado, de uma senhora que resolveu pregar-lhe uma peça, atravessando a avenida no meio dos carros, fora da faixa e com uma sacolinha na mão. Foi tanta destreza que o cara deve ter achado que gastou toda a sorte que ele tinha acumulado ao longo dos últimos 15 anos não atropelando aquela maldita infratora de cabelos brancos. Nos 50 metros seguintes, ele ficou olhando pra trás, berrando e mexendo os braços. Ele provavelmente proferia palavras carinhosas de agradecimento pela grata surpresa e pela oportunidade única de demonstrar seus talentos em público.

Trabalho é trabalho. Aposto que em todo lugar é igual. A gente chega, troca uma idéia com um funcionário do prédio, faz uma piadinha com os porteiros, entra, dá bom dia - ou resmunga, como é o meu caso. Durante o dia a gente toma alguns cafés, troca mais algumas idéias com quem estiver disponível, faz alguma coisa pra preencher aquele horário entre a chegada e a hora de cair fora - já que alguém resolveu te pagar pra isso - e entre isso tudo tem a hora do almoço, uma das horas mais aguardadas pelo homem enquanto ser social participativo do mercado de trabalho.

A magia, a beleza, o diferencial que faz da hora do almoço um lugar diferente dos outros não tem nada (ou quase nada) a ver com a comida. A hora do almoço é abençoado não por algo que ele é, mas sim pelo seu incomparável potencial. É o cume do processo de troca de idéias. É um grande mercado de trocas, sem distinção de cor, raça, credo, religião, espécie, idade, sexo, etc. A única obstrução a esse processo, e isso deve ser rigorosamente observado, é a legalidade dos elementos. Se seu companheiro de almoço é um chato, seu cume vira um montinho, geralmente de merda. Nesse caso, a troca de idéias é pobre e a glória da hora do almoço definha. Cabe a voce, elemento legal, salvar sua hora de almoço e recuperar seu infinito potencial, antes que voce tenha que contar pro chato que ele é um chato. E, meu amigo, isso deve ser chato pra caralho. Melhor voltar ao assunto.

Numa dessas trocas de idéias, Sr. Daniel me contou que sábado ele esteve na Avenida Paulista - tá aqui a foto 3x4 do pai da Ju que não me deixa mentir - e que havia sido uma experiência muito positiva, aquilo que ele chamou de Programa Gracinha. Ele foi ao cinema, passou no Bob's pra dar uma conferida no sanduiche de cheddar - "E ele viu que era ruim." - e caminhou com seu mp3 no ouvido, cantarolando, meio encabulado por achar que pudesse parecer ulguma espécie de doente mental - e tenho certeza que parecia - , mas notou que haviam outros. Sim, outras pessoas! E pelo que ele contou elas estavam com seus mp3 em seus ouvidos e se permitiam até a algumas pequenas acrobacias imaginárias, arriscavam um rebolado, uma arranhada na garganta, assim, sem pudores. Foi daí que "ele viu que era bom".

Chamo atenção a esse fato meus bravos leitores de até aqui, não porque eles não tinham pudores, mas porque o Sr. Daniel foi sozinho na Paulista, sozinho ao cinema, sozinho no Bob's. Tudo sozinho, apesar das cerca de 1.000.000 de pedestres que circulam pelo local todos os dias - esse número deve cair um pouco aos sábados, mas quem se importa? - , e ele só se deu conta das demais pessoas em seu momento de maior introspecção na caminhada. Sua solidão terminou assim que ele se percebeu sozinho. Reserve.

Ainda hoje, depois da doce labuta, iniciei meu processo diário de retorno ao lar. Peguei minha jaqueta, carteira, chaves de casa e o Squiggy e fomos todos ao ponto de ônibus da Rebouças. Estava meio tonto e lerdo por causa do Squiggy, meio indiferente a qualquer coisa que fosse. Tentei ficar alegre quando vi o ponto meio vazio - o que é raro praquele ponto - mas continuei indiferente. Fiquei uns 5 minutos sentado no ponto esperando um onibus um pouco mais distante terminar de lotar e eis que pra minha alegria, eu estava lerdo. Eu explico. O ônibus que estava tecnicamente parado e lotando, não estava realmente lotando. Estava realmente parado e só. Não funcionava. Andei uns 6 passos a frente na direção do coletivo e vi onde estava todo mundo. Aproximadamente 50 pessoas no fim da extensão do ponto. Pensei: Rá! Eu sabia que o ponto não estava vazio! (Alegria!) Na sequencia da cena, meu onibus sai de trás do quebrado e toma rumo pelo corredor, tirando toda e qualquer chance de eu me esgoelar correndo pra que ele parasse - coisa que eu não faria nem se ele estivesse parado. Depois desse ônibus, nenhum outro conseguiu passar por ali. A CET tava cuidando de tudo direitinho, como eles sempre fazem. Perguntei pro Squiggy se ele aguentava ir até o próximo ponto, aquele estava muito cheio. Ele não viu problema, então fomos. Chegamos lá, descansamos na guia rebaixada pra deficientes e carrinhos de feira e esperamos. Nada. Por muito tempo. Squiggy dá uma adormecida e eu resolvo ir andando até a Consolação, o que me fez incrivelmente bem. Foi mágico! Pra alegria dos leitores de até aqui, foi aí que eu resolvi escrever hoje. Quando desci a Consolação até a Maria Antônia, vi mulheres correndo em saltos pontiagudos, homens em ternos caros buscando olhadinhas em bundinhas desprevenidas, pessoas correndo e arrastando crianças pelo farol, taxista xingando taxista de 3 palavrões ao mesmo tempo enquanto faz uma curva a 60 km/h pra entrar na Consolação. Puro desespero. Pura Adrenalina. Minha jornada já se aproximava de um final, mas o destino ainda reservava uns temperos. Segue.


Peguei o Perdizes, escolha óbvia, eu sei disso e é isso que importa. Lá dentro, todos os 28 passageiros mantinham firmes suas caras de desgosto com a vida como forma de proteger sua bolha imaginária de algum(a) engraçadinho(a) metido(a) a simpático(a) que tentasse puxar uma conversinha de fim de dia - não era hora do almoço. Me recosto à porta que não iria abrir tão cedo e observo. Squiggy estava meio acordado. Tempero 1: Logo no primeiro ponto depois da saída, uma moça com cara de susto quer levantar pra descer, mas tinha dado o incrível azar de sentar na janela, ao lado de um cara muito estranho, mas muito muito cansado. Ele dormia. Ela levanta, faz cara de angústia e murmura carinhosamente "moço". Nada. A angústia aumenta e ela leva as pontas dos dedos no meio da testa e senta. Fecha os olhos, abre, levanta de novo e manda mais um "moço". O livro se chamaria "A Angústia Sem Fim", se ficasse nisso, mas não ficou, pois na sequencia, ela manda um "MOÇO!". Ele acorda com o susto da moça com cara de susto. Ele retrai as pernas, ela sai e desce. Notem, toda essa angústia, pra não encostar no indivíduo, o que poderia ferir o contrato social da bolha imaginária. Tempero 2: Uma moça japonesa sentada no banco do corredor japonesamente tranquila de repente leva de um passante um pequeno coquinho (pequeno mesmo, um toque) na cabeça. A reação dela lembrou a do Dentinho sempre que um zagueiro tenta chegar perto dele. Mas ela reclamou com ele? Ao menos olhou pra ele? Nããão. E ele? Se desculpou? Idem. No final, todos bem? A vida continua? Alguém vai lembrar disso 5 minutos depois? Siiiiiiim. Siiiiiiiim. Nããããão. Em ordem respectiva.

É disso que se trata, caríssimo e heróico leitor de até aqui. Caos, prazer, amizade, respeito, humor (os dois), velocidade,desafio, decepção, criatividade, alegria, solidão, conexão, tempo, bolhas e Squiggy. Tudo isso são, em uma verdade minha, elementos que fazem uma vida passar com a certeza de uma vasta experiência. Uma que só se ganha em 1 dia em São Paulo. Uma que ganha-se em 1 só dia em São Paulo. Se digo que envelheço na cidade, digo isso com a arrogância e estupidez de um velho experiente, mas que ainda é jovem e aguenta muito mais. Dostoiévski disse uma vez que existem cidade meditativas e não-meditativas. Ao meu ver, São Paulo entraria numa terceira classificação: Ritmicaóticas.

Para encerrar, fica a crítica abertamente destrutiva de que essas malditas leis anti-fumo anti-bebida e anti-moto que acabaram de aprovar trazem uma triste tendência de ordem ao saudável caos que tanto prezamos. Visam destruir tudo que construíram aqui, com o suor dos escravos, dos nordestinos e, mais atualmente, dos bolivianos. Quem chega aqui e se depara com o caos de uma das maiores metrópoles do mundo, um caos que fortifica e diversifica, vive em um dia o que nenhum idiota viverá em uma vida inteira em qualquer outro buraco do país. Por isso, é dever desses filhos de uma porca suja fazerem alguma coisa pelo resto. Deixa que a gente se vira por aqui. E esse último parágrafo é porque eu fumo, bebo e tô muito a fim de comprar uma moto.

Pronto, Squiggy, falei.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ups... I Did it Again...


Cada vez melhor!!!
Beijos.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Crônicas do Moto Boy Alemão Parte 1


Eu nunca havia sonhado com isso. Nem nos meus piores pesadelos eu imaginaria passar por tamanhas aventuras. E diariamente! Em verdade, me lembro que quando criança eu queria andar de moto porque "aí eu não preciso respeitar sinal vermelho, faixa, porcaria nenhuma, né paiê? ^^ ". Ele me explicou que não. Mas tudo bem.

Cerca de 20 anos mais tarde cá estou eu com minha motoca. Sim, eu ando de moto. Sim, tenho medo. Sim, piloto mal de verdade. Apesar de tudo: adoro! É verdade. Gosto mesmo. Mesmo sim, no duro mesmo.

Não pelas causas que eu pensava quando era criança, mas... ora a quem estou tentando enganar? É exatamente por aquilo. Andar no meio dos carros é pura adrenalina. E eu gosto disso. Gosto sim, gosto sim.

Então eu vos pergunto, caros leitores (Leandro, Morris e Bruno): POR QUE BEM NA MINHA VEZ CRIAM UMA LEI PARA NÃO PERMITIR QUE NÓS, MOTO BOYS, SEJAMOS FELIZES??? POR QUE???? POR QUEEEEEEEEEE??????

É. Passou no Senado. Moto que anda "na linha" vai tomar multa. (pegou, pegou essa, hein hein?) Acredito que isso não vai funcionar. Até porquê, vamos pensar numa sexta-feira à noite: chuva, véspera de feriado e a Marginal com colossais 498 km de lentidão, porque as motos estão enfileiradas. Enfim, não vai funcionar. Mas que dá raiva, isso dá.

É porque eu sou meio azarado, sabe? Manja essa história de fazer 15 aulas de carro para tirar carta? É, foi bem na minha vez. Uma semana! U-M-A-S-E-M-A-N-A!!!!! Na segunda aula eu já poderia ter ido à Hollywood de truck e voltado, mas tive que comprir o regulamento. Fico imaginando que se eu desenvolvesse um método de voar sem nenhum equipamento, o Senado votaria em 2 ou 3 horas uma lei que proibiria o vôo livre porque dificultaria a fiscalização.

Enfia a porra da fiscalização no rabo, seu comedores de carniça! Eu não gosto dos poderes executivo, legislativo e o outro que eu esqueci qual é. Ah, judiciário (blearght!). Sou totalmente a favor das leis de um sábio homem, que guia as pessoas em termos de querência. Quem quer ir, vai. Quem não quer, não vai e não enche o saco.

Assim seria a legislação. Uma lei, um parágrafo, um dogma a se seguir. If only... *suspiro*

Enfim, esse blog tá demasiado político e eu não tô mais com paciência para "issos". Quer saber dessas coisas, assista aos telejornais. E para comprovar minha tese, você pode ter uma visão bem parecida com a minha de como funcionam as ONG´s organizadoras de revoluções, e o que eu acho que deveríamos fazer com elas todas. Clique aqui e seja feliz! (nós recomendamos o filme!)

Salve George! (o Harrisson, não o Benjor).

Virada Cultural 2009



Não fui, deu preguiça.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Posso não concordar com nenhuma de tuas palavras...


Recentemente foi aprovada pela Assembléia Legislativa de São Paulo, a Lei Antifumo, lei esta que proíbe o fumo em ambientes de uso coletivo, públicos ou privados.

Sabe, no Brasil morrem 80 mil pessoas por ano devido ao cigarro. Na China, um milhão (eles querem ganhar em tudo né, não tem jeito). O SUS gasta 300 milhões de reais ao ano no tratamento de fumantes. Hum, tá legal. A idéia da lei deve ser fazer com que parte dos fumantes abandone o hábito, economizando parte desta grana. Mas então, eu realmente gosto de dados estatísticos. Vamos a outros.

Três pessoas morrem por minuto no mundo, devido a acidentes de trabalho. Dois milhões e duzentas mil, por ano. Acidentes relacionados ao trabalho sem morte, no Brasil em 2005: 400mil. É, amputações (mais sérias que aquelas que te impedem de fazer Hang Loose), invalidez, etc. O país gasta R$ 42 bilhões (é, isso mesmo) com acidentes de trabalho ao ano. 1,8% do PIB. E isso é bastante, sabia? Para ter idéia, a verba total prevista para a Ciência e Tecnologia no Orçamento Federal para 2009 é de R$ 8,8 bilhões.

Daí você, previsível leitor, espera que eu diga então: “melhor seria votar uma lei para impedir as pessoas de trabalharem em ambientes de uso coletivo, públicos ou privados.” É, seria. Mas propor isso seria óbvio e meio batido, então vou por outro caminho. Siga-me.

Ah, a lei foi assinada pelo Governador José Serra. Este aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=_z97MhLvWsI

Reparou no embasamento científico da declaração? “Uma providência elementar é não ficar perto de porquinho algum”. “Porquinho”, seu Governador? “PORQUINHO?”. Ah, faça-me um favor...

Mas a minha questão é: quantas pessoas deixarão de fumar por causa da proibição de fumar em ambientes de uso coletivo, públicos ou privados? Quantas, Seu Porquinho? (lembrei agora que ele é palmeirense... vai ver que foi por isso que ele usou este termo, pra ficar mais meigo). O cidadão que fuma há quarenta anos, escuta todo dia sobre todos os milhões de malefícios do cigarro, tem os dentes amarelos e não consegue subir uma escada, e não parou de fumar, vai me parar porque não pode fumar no buteco da esquina? É mais fácil o cara comprar a cerveja e beber em casa do que deixar de fumar. Conheço gente que já abandonou casamento pra não abandonar o cigarro. (mentira, não conheço, mas sei que existe).

Ah, mas o cigarro incomoda os não fumantes, em ambientes coletivos, públicos ou privados. Concordo que não é agradável comer uma pizza com nego fumando um Derby vermelho ao seu lado. E também acho que crianças não precisam ser expostas ao cigarro quando querem ir ao shopping comer um Mc Lanche Feliz ou qualquer outra porcaria. (quando será que o governo gasta por ano com problemas causados por má-alimentação, obesidade, etc?). Mas é por isso que existem (por pouco tempo, ao que parece) as caralhas das Áreas de Fumante. Geralmente cantinhos marginais escondidos perto do balcão dos garçons, ou na garagem dos shoppings.

Há um tempo, muitos assaltantes estavam usando motocicletas para praticar seus delitos. O que foi feito? Um projeto de lei que visava proibir aos motociclistas andarem com pessoas na garupa. Caralho, como se o que levasse o cara a assaltar fosse sentar na garupa da motoca!!! Porra!!! Esse é o problema, leis que combatem febres, medidas paliativas e a falta de consideração aos reais problemas de nossa sociedade, aqueles bem lá embaixo. A lei evitou que roubassem o Rolex do Luciano Huck no semáforo, evitou? Hein, Seu Porquinho?

Mas o que me deixa puto, é o fato de sempre acharem mais fácil violar/limitar/estuprar um direito individual do que combater os problemas de forma extensiva. Teve gente que veio que falar que gostou desta lei, porque odiava ir pra balada e voltar com o cabelinho cheirando a cigarro. É, em baladas, casas noturnas, boates, ou como queiram chamar estes locais, VAI existir cigarro. Um montão. Faz parte. Se não quiser conviver com isso, vá pra uma casa de chá, vá ao Planetário, vá PRA PUTA QUE O PARIU, mas não vá pra um lugar onde sabe que 65% dos freqüentadores estarão fumando, para depois ficar reclamando de cheiro de cigarro. Que merda. Daqui a pouco nego vai assinar projeto de lei proibindo palavrões em estádios.

Não, não estou defendendo o cigarro. Não, eu não fumo. Parei há quatro anos. Fumo unzico de vez em quando, quando quero, e a questão é: não aceito que tentem me proibir de fazê-lo em uma mesa de bar.

Ou em qualquer outro local de uso coletivo, público ou privado.


PS: opiniões contrárias às expostas acima serão sumariamente apagadas. Isso aqui não é um espaço democrático, muito menos fórum de discussão. É, estou aprendendo com nossos governantes, não torra.